terça-feira, 26 de outubro de 2010

Aprender Brincando




Crianças com necessidades especiais e o jogo, o brinquedo e as brincadeiras



          O segundo grupo de artigos trata da questão do jogo, do brinquedo e da brincadeira, e suas articulações com as crianças com necessidades especiais: a pedagogia, a psicopedagogia, a avaliação, o fracasso escolar, as propostas curriculares e outros temas percorrem esta seção.
          O texto "O jogo e o fracasso escolar", de Sahda Marta Ide, inicia tratando dos testes-padrão de medidas de inteligência e seu questionamento como instrumento adequado para a avaliação das crianças portadoras de deficiências. A autora indica, como saída desse ciclo "avaliação por testes e medidas e diagnóstico de fracasso escolar", a procura das causas desses fracassos e encontra, na bibliografia estudada, algumas generalizações com referência às famílias, às escolas, à atitude do educador e, a partir dessa análise de "causas do fracasso escolar", propõe alternativas educacionais de reversão dessa situação. Segundo a autora, o elemento central para essa ação diferenciada, destinada à desestigmatização, seria o da mediação, tanto a humana, como a instrumental. E é na instrumental que aparece o jogo como recurso fundamental na educação de crianças deficientes mentais.
               O artigo seguinte, "O uso de brinquedos e jogos na intervenção psicopedagógica de crianças com necessidades especiais", de Leny Magalhães Mrech, de certa forma aprofunda aquilo que foi anteriormente analisado. A autora faz uma crítica contundente aos conceitos piagetianos mais divulgados nos cursos superiores, tais como estágios do desenvolvimento, e todos aqueles que tiveram formação acadêmica, nessa área, nas últimas décadas são testemunhas desse empobrecimento da epistemologia genética. Para se contrapor a essa tendência, a autora propõe a noção de equilibração e a reequilibração das estruturas cognitivas como conceito central dessa concepção de construção do conhecimento. Discute os universalismos das teorias que nos amarram e propõe a busca de singularidades. Nesse momento, ela busca a psicanálise, trazendo o desejo, o outro, o não-saber, e, de forma muito interessante, passa da visão da alienação individual para a alienação social e cultural utilizando R. Barthes e P. Bourdieu.
                   A necessidade da desnaturalização dos lugares de saber e não saber, de aprendentes e ensinantes e da dialética dessas relações individuais e sociais é fundamental para pensar a construção do conhecimento. Os jogos, os brinquedos e os materiais pedagógicos são analisados quanto à sua possibilidade de interferir nas estruturas de alienação social e individual do saber – estereotipias, relações transferenciais, estruturado ou estruturante.
Depois a autora apresenta a noção de modalidade de aprendizagem, isto é, o tipo de relação que cada sujeito, a partir da sua própria história, constrói ao conhecer o mundo, conceito este desenvolvido por Alícia Fernandes a partir da psicanálise e da psicologia genética.
O texto conclui com a análise das relações das modalidades de aprendizagem e as ofertas de "ensinagem" e coloca as experiências com jogos e materiais pedagógicos como modos de "pluralização" destas modalidades e também com um apelo ao trabalho educacional voltado ao desenvolvimento das diversas formas da inteligência.
O texto "O jogo na organização curricular para deficientes mentais", de Maria Luisa Sprovieri Ribeiro, inicia com uma análise das práticas tradicionais de atendimento às crianças com necessidades especiais e com resistências pessoais e sociais a uma mudança de concepção deste tipo de atendimento.
Utilizando-se de características do jogo, de acordo com Gilles Brougére, tais como a necessidade de espaço, papéis, materiais e tempo do jogo para pensar o currículo, denuncia a "cultura" do trabalho individualizado, isto é, isolado, do educador de crianças com necessidades especiais, que não está presente nos debates dos demais educadores e áreas de conhecimento dentro das escolas. Denuncia esta experiência de prática social de educador como criador único do currículo ou criatura que aplica os currículos dos tecnocratas. Para a autora, é necessário ousadia nos professores de educação especial para que utilizem na construção de suas propostas educativas as discussões coletivas e contemporâneas de currículo e quebrem uma visão tão "conformada" desse tipo de atendimento educativo. 


www.scielo.com.br

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ludoteca

            A Ludoteca é um espaço preparado para estimular a criança a brincar, dentro de um ambiente lúdico, criado com o objetivo de proporcionar condições favoráveis para que as crianças brinquem, inventem, expressem suas fantasias, seus desejos, seus medos, sentimentos e desenvolvam sua criatividade.
          O papel da ludoteca na educação cresceu, e ela é um agente de mudança do ponto de vista educacional.
           Embora o brinquedo seja considerado a essência da infância, o lúdico deve ser contemplado em todas as etapas do desenvolvimento humano, independente da idade cronológica.
           A ludoteca pode, também, ter efeitos positivos para o processo de aprendizado, através de jogos, brinquedos e brincadeiras que estimulem o desenvolvimento de habilidades básicas e aquisição de novos conhecimentos.


www.ludotecadivertida.com.br

Livros Recomendados




Diversidade na Sala de Aula
Elvira Souza Lima
Este texto discute as diferenças entre alunos que não estão aprendendo daqueles que apresentam dificuldades reais de aprendizagem.




Diversidade e Aprendizagem
Elvira Souza Lima
Este texto apresenta o conceito de diversidade biológica para entender os processos das pessoas ditas "portadoras de necessidades especiais", propondo olhar para as possibilidades de desenvolvimento, superando a abordagem que enfatiza as incapacidades.




Pipa - ciência, cultura e cidadania
Elvira Souza Lima
Como trabalhar um tema em sala de aula? Neste livro, usando a pipa como tema, a autora mostra como se dá a interdisciplinaridade do ponto de vista do desenvolvimento do aluno, revela aspectos dos processos de aprendizagem dos conhecimentos escolares e aponta as possibilidades de ensino, apoiadas no conhecimento pedagógico do professor.




As cem linguagens da criança
Carolyn Edwards; Lella Gandini e George Forman
Esta obra é uma introdução abrangente que aborda história e filosofia, currículo e métodos de ensino, escola e sistema organizacional, uso do espaço e ambiente físico, além dos papéis do adulto profissional. Artmed Editora




A criança e seus jogos
Arminda Aberastury
O livro dá uma visão completa da atividade lúdica da criança e seu significado ao longo do crescimento infantil. Descreve e explica o jogo do bebê, da criança pequena, do escolar e do pré- adolescente.
Artmed Editora




Aprender com jogos e situações problemas
Lino de Macedo
Ana Lucia S. Petty
Norimar C. Passos
Os autores apresentam seu modo de trabalhar, os princípios teóricos que animam sua prática, sua convicção de que jogos e situações-problema podem ser recursos úteis para uma aprendizaem diferenciada e significativa.
Artmed Editora




Das brigas aos jogos com regras
Jean-Claude Olivier
Este livro é extremamente útil aos professores, já que traz resultados concretos no manejo da indisciplina, e apresenta exercícios de fácil realização, que não necessitam de nenhum material.
Artmed Editora




Jogos e Atividades Matemáticas do Mundo Inteiro
Claudia Zaslavsky
A autora apresenta jogos e atividades matemáticas para crianças de 8 a 12 anos.
Artmed Editora




Jogos em Grupo na Educação Infantil
Constance Kamii. e Rheta Devries
As autoras explicam como os jogos em grupo ajudam as crianças a desenvolver sua capacidade cognitiva e interpessoal de maneira mais eficiente e prazerosa, em vez de através de folhas de exercícios e atividades similares.
Artmed Editora




Coleção Matemática: Brincadeiras Inf. nas Aulas de Matemática - Vol.1
KátiaStocco Smole, Maria Ignez Diniz e Patricia Cândido
A proposta desta coleção é organizar uma série de atividades para a Educação Infantil que incentive a exploração de uma variedade de idéias matemáticas, não apenas numéricas, mas também sobre geometria, às medidas e às noções de estatística, estimulando nas crianças uma agradável curiosidade acerca da matemática e adquirindo diferentes formas de perceber a realidade.
Artmed Editora




ABC e Numerais: Pra brincar é bom demais!
Belinky, Tatiana
De maneira leve e gostosa, sob a forma de dicionário infantil de letras e números, a autora apresenta para as crianças as letras do alfabeto, de A a Z, e os numerais básicos. Uma divertida brincadeira que só Tatiana Belinky consegue fazer. Editora Cortez




Brincar: Crescer e Aprender: o Resgate do Jogo Infantil
ADRIANA FRIEDMANN
O resgate do aspecto lúdico da cultura folclórica e dos jogos tradicionais. A riqueza e a contribuição do jogo para o desenvolvimento integral (cognitivo, afetivo, físico, social) da criança.
Síntese histórica dos principais estudiosos dos jogos infantis no Brasil e no mundo. A visão de Piaget e seus discípulos sobre jogo, desenvolvimento e aprendizagem. Relação de jogos tradicionais desde o começo do século até a década de 90.
Editora Moderna




Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação
TIZUKO MORCHIDA KISHIMOTO
O livro Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação mostra como o brincar surge ao longo da história da humanidade relacionado à criança e à educação, assumido diversos significados como recreação, excesso de energia, atividade inútil, expressão de qualidades espontâneas, re-criação. Entretanto, psicólogos, antropólogos, sociólogos e lingüistas contemporâneos criaram referenciais teóricos para explicitar o brincar como uma ação metafórica, que contribui para o desenvolvimento integral da criança e propicia a construção do conhecimento. Por tais razões, o brincar passa a fazer parte de programas de formação de professores. São tais dimensões que podem ser analisadas nesta obra.
Editora Cortez




O Jogo e a Educação Infantil,
TIZUKO MORCHIDA KISHIMOTO
Este livro aborda desde o significado de palavras como "jogo", "brinquedo" e "brincadeira", passando pela discussão e importância do jogo na educação infantil, até as teorias sobre este assunto.
Editora Pioneira




Jogos Tradicionais Infantis: jogo, criança, educação
TIZUKO MORCHIDA KISHIMOTO
Três Estudos que Traduzem de Maneira Clara as Relacões Entre o Jogo, a Criança em Idade Pre-escolar e a Educacao
Editora: VOZES




Brincando de Einstein
ALLISON GRAFTON SHAR LEVINE
Dirigida a todos que precisam planejar atividades infantis, essa obra " segura da magia que as experiências científicas exercem sobre as crianças " traz sugestões criativas para atividades divertidas e educacionais. O livro traz um encarte com 16 fichas ilustradas e muito práticas
Editora Papirus 


www.scielo.com.br

Dicas de brincadeiras para o professor trabalhar com alunos das series iniciais


O Pulo do Sapo

Marcar no pátio as linhas de partida e chegada. Ao sinal dado, os participantes, em posição de sapo (de cócoras), devem sair pulando até a linha de chegada. Vence aquele que chegar primeiro.

Imitando Tartaruga

Escolhem-se quatro jogadores para serem os pegadores. Os jogadores, para evitar serem apanhados, deitam-se de costas no chão, com os braços e pernas para cima imitando uma tartaruga. Quando estiverem na posição da tartaruga, não poderão ser apanhados. Termina a brincadeira quando todas as crianças forem pegas.

 Contrário

Traçam-se duas linhas a uma distância de 10m (sendo uma o ponto de chegada e a outra o de partida). Ao sinal dado, todos os participantes estarão de costas e iniciarão uma corrida. O participante que chegar primeiro deverá voltar correndo de frente até o ponto de partida. Quem chegar primeiro será o vencedor.

Corrida do Cachorrinho

Marcar um ponto de partida e outro de chegada. Os participantes devem imitar a posição de cachorro, alinhando-se na partida. Ao sinal, saem depressa em direção à linha de chegada. Quem chegar primeiro será o vencedor.

Corrida de Dois

As crianças dão as mãos e não podem se soltar. E assim correm, pulando até a linha de chegada. Vencem os dois que primeiro atingirem a linha de chegada.

O Caçador Esperto

Riscam-se dois círculos para colocar os animais Photobucket: as raposas e os coelhos( dois times com número igual de participantes). No centro, entre os dois círculos, risca-se também um triângulo, onde ficará o caçador. Os animais dos dois times chegam bem perto do caçador. Os que forem pegos pelo caçador passam a ser caçadores nas próximas jogadas, devendo ficar junto ao caçador, dentro do triângulo. A brincadeira continua e no final o time que tiver mais participantes será o vencedor.

Atenção, Olha o Caçador!

As crianças serão separadas em grupos de diferentes animais. Deve haver vários de cada classe, por exemplo: ursos, macacos, coelhos, etc. Desenhar dois círculos em cantos opostos. Uma das crianças será o caçador, ficando entre os dois círculos; o resto dos animais, em outro círculo. O caçador chama o nome de um dos animais e todos os que representam esse animal deverão correr pelo lado oposto. O caçador os perseguirá e, se conseguir, pegar alguém antes que chegue ao círculo, este trocará de lugar com o caçador.

Pique com Bola

Formar um círculo com todas as crianças, com espaço entre elas. Uma será escolhida para ficar no meio do círculo com uma bola. Dado o sinal, a criança jogará a bola para qualquer colega e em seguida sairá do seu lugar. Este toma a bola, corre para o centro do círculo e continua a brincadeira.

Balões voadores

As crianças estarão uma ao lado da outra sobre uma linha marcada no chão. Cada uma receberá um balão de borracha, enchendo-o de ar o máximo possível, segurando com o dedo para não esvaziar. Quando o professor gritar, as crianças devem soltar os balões que voarão e girarão de diversas formas. Será vencedor o dono do balão que cair o mais longe da linha marcada.


 www.ihaa.com.br

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Brincar, a Escola e os Alunos

            O brincar hoje está ausente de uma proposta pedagógica que incorpore o lúdico como linha do trabalho das escolas. A escola deve oferecer o conhecimento para seus alunos, porém não pode esquecer que ele deve ser agradável, oferecendo desafios, regras e controle da situação.
A escola simplesmente esqueceu a brincadeira. Na sala de aula, ela é considerada uma perda de tempo, pois não há nada de pedagógico; porém, o jogo e o brincar podem se transformar em algo positivo, se houver a cooperação do professor e da coordenação.
Pode-se dizer que, as crianças do mundo contemporâneo pensam no brincar somente através dos brinquedos, o que leva ao consumismo prematuro.
O brincar não tem o seu devido significado, que é divertir; serve apenas para mostrar quem tem mais que o outro.
Relacionar o brincar, as escolas e os alunos, não parece difícil; numa primeira impressão, parece que estão unidos. Porém, o brincar dirigido necessita de planejamento para que não fique vago.
            O brincar leva os alunos a um momento lúdico no qual eles irão aprender como se estivessem na sala de aula; o professor, porém, não vai passar todo o tempo da aula com o brincar dirigido por meio de jogos, mas poderá trazer para os alunos através do brincar, alguns pressupostos do que irão aprender; sendo assim, ficará mais fácil e prazeroso aprender algo que já se tem idéia do que é.
            É preciso realizar atividades que promovam debates entre as crianças, debates esses que podem ser por dúvidas ou relativos à algo novo, que instigue as crianças a querer saber mais.
            Os alunos precisam, porém, conhecer previamente o assunto a ser tratado, ou através da roda de conversa ou de pressupostos trazidos de casa; só assim, eles sentirão que a atividade proposta terá sentido, já que cada palavra ou frase aprendida tem um significado na vida da criança.

Juliana Santos da Silva

Instituindo o Brincar

Ao iniciar um trabalho com séries iniciais, percebe-se que as barreiras estão muito presentes, pois, além da questão pedagógica diferente da educação infantil, há também a questão do horário. A ação do professor no ensino fundamental não conduz ao brincar, e sim ao ler e escrever.
Os jogos pedagogicamente educativos dão ênfase ao aprendizado, pois provocam na criança alguns conhecimentos e expressões necessárias; assim, elas poderão relacionar o aprendizado de sala de aula com alguns aprendizados ocorridos sem propósito pedagógico.
O brincar ou o jogo são vistos como lazer, ou seja, algo que as crianças só podem fazer em um momento em que não estejam na escola, ou, se estiver no momento do intervalo.
Sendo a escola geradora do conhecimento, seria necessário romper barreiras e inserir o jogo e o brincar na sala de aula, trazendo o lúdico para  mais perto dos alunos e incentivando a imaginação, o aprendizado, o contato com as regras e a curiosidade em saber mais e mais.
Descobrindo o sentido das próprias palavras, pode-se associar o lúdico à escola, pois o lúdico quer dizer “ludus” que significa jogo, divertimento e, por extensão, escola, aula. Esse significado é encontrado em várias línguas, porém a definição é a mesma.
Instituir o brincar na escola não significa que toda a parte pedagógica será prejudicada ou substituída por ele, mas sim que ele será um auxílio para que ela ocorra com mais estímulos e maior prazer.
Considerando como exemplo algo que os alunos têm dificuldade de assimilar, não conseguindo aprender através das estratégias pedagógicas comuns, verifica-se que o jogo pode trazer a curiosidade e a vontade de aprender.
O jogo como objeto educativo pode trazer várias vantagens para as crianças nas séries iniciais como, por exemplo, estimular o pensamento espontâneo, a percepção de tempo e espaço, o lado afetivo, social e motor, além do lado cognitivo, que é o mais influenciado.
Além do aspecto cognitivo, o jogo poderá ser útil para a formação social do ser, que aprenderá a respeitar o outro, obedecer às regras e a ter responsabilidade, o que é necessário para que as crianças convivam com o meio.
O jogo une a vontade e o prazer durante as atividades. A utilização dos meios lúdicos mostra a escola como um ambiente atraente e estimulador para a criança.
Os jogos mais conhecidos pelos alunos podem ser modificados para que se tornem pedagógicos; consequentemente, os alunos sentirão vontade de brincar com os jogos que eles já conhecem e se sentirão mais independentes, aprendendo com mais prazer.
  No processo de alfabetização e letramento das crianças, os jogos que contém letras e números, podem ser de grande valia, pois aumentarão os estímulos e unirão o lúdico à aprendizagem pedagógica.

Juliana Santos da Silva